Bora falar sobre residência em área profissional de saúde! Começando pelo mais simples: o que é a residência? A residência é uma pós-graduação lato sensu. (Tá Camila, vejo isso em todo canto… mas o que é isso?). Quando finalizamos a graduação, precisamos continuar a nossa formação profissional se quisermos ser profissionais diferenciais! E temos diferentes tipos de pós-graduações, que podem seguir a linha do stricto sensu ou lato sensu.
As stricto sensu são aquelas pós-graduações que restringem o nosso conhecimento, focam esse conhecimento em determinado tema. Aqui entram o mestrado e doutorado. Por exemplo: Você é um(a) profissional que atua na unidade básica de saúde (UBS), e quer fazer um mestrado e doutorado relacionado à atenção primária, então, você vai se especializar na atenção primária e aprofundar seus conhecimentos em um único problema da atenção primária, como por exemplo, “acompanhamento de idosos hipertensos de modo remoto”, “percepções das gestantes sobre a vacinação” ou “incidência e prevalência da tuberculose em homens adultos”. Percebe como o conhecimento vai se afunilando?
Já as pós-graduações lato sensu são aquelas que ampliam o nosso conhecimento em determinado campo. Aqui temos as especializações, MBA (Master Business Administration) e as nossas queridinhas residências profissionais! Então por exemplo, se você quer fazer uma residência na UBS, você irá trabalhar cotidianamente na UBS, junto com outros profissionais, e estudar sobre todos os temas relacionados à UBS e atenção primária à saúde! Isso é conhecer a amplitude do conhecimento a respeito da UBS. Isso é lato sensu!
Então gente, as residências são consideradas especializações padrão-ouro, porque o estudante (famoso residente, o batalhador) possui aulas teóricas, práticas e cumpre uma carga horária de trabalho no serviço, enquanto é supervisionado por profissionais do próprio serviço, chamados de preceptores.
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Tanto o valor da bolsa como a carga horária são nacionais, ou seja, toda residência (médica, em área profissional ou multiprofissional) possui a mesma bolsa e carga horária.
A bolsa tem o valor atual de R$ 3.330,43, contudo, recentemente tivemos a alegria de ver o lançamento da Portaria Interministerial n 9 de 13 de outubro de 2021 que alterou o valor mínimo da bolsa de residência para R$ 4.106,09 (os humilhados serão exaltados não é mesmo?!). Então a partir de 2022 os programas de residência deverão oferecer uma bolsa de, no mínimo, R$ 4.106,09.
A carga horária da residência é de 5.760h, que devem ser cumpridos em dois anos, sendo 80% de prática e 20% teoria. Devemos pagar 60h semanais.
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As residências são divididas em residências médicas e residências em área profissional da saúde, que abrangem as profissões da área da saúde: Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional.
Dentro das residências de área profissional da saúde nós temos as modalidades uniprofissional e multiprofissional. As residências uniprofissionais abrem vagas para determinadas profissões de saúde se especializarem em determinada temática. Por exemplo, um hospital pode lançar um edital com vagas para enfermeiros e fisioterapeutas atuarem na oncologia. Então, você como essa profissão pode se candidatar à vaga e irá se especializar na oncologia dentro da sua área profissional, interagindo pouco com outras profissões.
Já a multiprofissional prevê um formação em equipe, integrando diferentes profissionais para atuarem em determinada temática, por exemplo, saúde da família.
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Se você chegou até aqui e decidiu que quer tentar a residência, saiba que ela é como se fosse um concurso ou um processo seletivo para um mestrado ou doutorado.
Você precisa se atentar para o lançamento do edital do programa de residência que você quer. O edital pode ser lançado por secretarias municipais de saúde, secretarias estaduais de saúde, hospitais, universidades… e, normalmente, são lançadas no final do ano para ingresso no ano seguinte.
Os editais variam muito em cada programa, e cada edital tem uma forma de seleção diferente. As etapas mais comuns são: prova com questões fechadas, análise curricular, prova prática e entrevista. Os candidatos vão passando por cada etapa até o resultado final daqueles que conseguem as vagas para a residência.
Os editais normalmente distribuem as vagas por profissional e a respectiva especialidade. Há programas de residências multiprofissionais que deixam as vagas “em aberto”, sendo 25 vagas que podem ser ocupadas por diferentes profissionais da saúde, como é o caso de residências multiprofissionais em saúde coletiva.
A dica de ouro que posso deixar aqui nesse tópico, é que quando você decidir em fazer a residência, você buscar pelos programas que lhe interessam, ver os editais anteriores, e conhecer todas as etapas, quais itens eles avaliam para o currículo e começar a resolver questões para a prova!
Eu fiz residência entre os anos de 2018 e 2020 e, se você quiser saber como fiz para passar na residência, você pode assistir o vídeo lá do meu canal, clicando aqui.
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Gente, é difícil eu generalizar porque cada programa de residência é único, possui seu próprio planejamento curricular. Mas no geral, durante o primeiro ano é o momento que rodamos com maior frequência por diversos setores relacionados à temática de formação. Nós vamos tendo aulas, rodando pelos setores e trabalhando.
No segundo ano é quando nós podemos escolher determinados setores e passar mais tempo neles. Normalmente, ficamos naqueles que temos mais afinidade. Neste ano, nós também podemos fazer um estágio externo, passar X meses trabalhando em algum outro local fora do que nosso programa oferece, como exemplo, na minha residência lá de Recife era comum os residentes passarem 2 meses trabalhando em algum setor do Ministério da Saúde.
No segundo ano é quando precisamos também fazer o nosso trabalho de conclusão de residência que, nada mais é do que um TCC da residência. Então precisamos escolher um tema e um problema para fazer uma pesquisa para ser apresentada a uma banca de professores no final da residência. Alguns programas também pedem que os alunos submetam seus TCRs em revistas para que recebam seus certificados.
Uma dica legal nesse sentido é você conversar com os seus preceptores e perguntar qual problema eles possuem no setor deles, qual ideia de pesquisa eles achariam legal desenvolver. Desta forma, você estaria levantando uma problemática real do próprio cotidiano de trabalho dos preceptores!
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Uma dúvida muito comum que muitos me fazem: Então Camila, eu não sei se vou para o mestrado ou para a residência. A residência é para mim?
Gente é muito difícil eu responder por você, mas, eu posso te ajudar um pouco nessa decisão. As residências são para aquelas pessoas que querem começar a trabalhar e, ao mesmo, se qualificar profissionalmente. Você irá mergulhar naquele tema, tendo aulas, seminários, trabalhando, propondo inovações e fazendo um trabalho de conclusão de residência (TCR).
A residência são para aquelas pessoas que querem uma especialização e adquirir prática profissional.
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Gente, foi com uma imensa alegria que eu saí da minha residência com duas propostas de emprego! Esse é quase um sonho de todo residente: finalizar os 2 anos e já ter uma perspectiva de trabalho. Eu fiz o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva da Universidade de Pernambuco, e saí com uma proposta de emprego na Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco e na coordenação do termo de cooperação da SES-PE com a OPAS! Sim, imagina minha alegria? Pois é!
Então aqui quero deixar dicas de como você pode sair da residência com uma proposta de emprego e, claro, dicas para você poder aproveitar ao máximo a sua residência!